101 DIAS EM BAGDÁ
Nove meses depois e nenhuma criança na história, abro as cortinas e bato os tapetes para retirar um pouco do pó do blog. Entre alguns dos motivos da ausência, além da injustificável preguiça, está a vida profissional. Há quase um ano estou trabalhando em rádio, o que tem me tomado um bocado de tempo e demandado considerável esforço mental. No entanto, dei-me conta da urgência de voltar a escrever recentemente ao entrevistar uma autoridade, que ao me soletrar seu sobrenome de origem polonesa cortei seu raciocínio com um comentário do tipo:
- Não é necessário saber como se escreve. O senhor poderia me explicar como se pronuncia?
A este primeiro sinal de burricis iminentis, aliou-se uma recente leitura. Estou nas últimas páginas de uma bela lição de jornalismo e competência profissional: “101 dias em Bagdá”, da igualmente bela jornalista norueguesa Asne Seierstad (foto), conhecida também por escrever “O livreiro de Cabul”. Nele, a repórter narra as agruras e os obstáculos de contar a história de iraquianos que, após anos de uma ditadura implacável, se vêem à frente de bombas e estilhaços que irrompem janelas e portas matando família inteiras, ao mesmo tempo em que tentam tocar a vida como se nada estivesse acontecendo. Até mesmo para uma jornalista escandinava vinda de um país frio em que nada parece acontecer - mas que possui um vasto currículo de cobertura de outras guerras - aquele cenário é brutal. Ela chora, pelo menos umas duas vezes até agora.
Paralelo ao produto de seu trabalho, ela descreve os desdobramentos e os obstáculos que precisa superar quase diariamente apenas para poder mandar seus artigos aos jornais para os quais trabalha, os boletins para rádios européias e canadenses, as entradas ao vivo para televisões de um punhado de países... ufa!
Foi neste capítulo que eu fiquei com vergonha.
Mas, além de um exercício didático de retomar a escrita e tentar me tornar um pouco mais multimídia, de fato “101 dias em Bagdá” é uma leitura envolvente e que flui graças à tensão da narrativa e ao seu conteúdo histórico. São histórias de Mohameds e Fátimas que a televisão não mostrou, e nem poderia. Provavelmente também choraríamos.
Em tempo: não sei se compraria esse livro, mas gratamente caiu-me às mãos como cortesia após ter a oportunidade de conhecer pessoalmente a própria Asne. Em uma concorrida coletiva em uma tarde quente de Porto Alegre, tive a oportunidade de fazer a primeira pergunta a ela – uma norueguesa que só conhecia até então pelo nome na capa de “O Livreiro de Cabul”.
- Das coberturas que você vez até hoje, qual foi a mais difícil e por que?
(Como jornalista, sempre fico curioso em saber os obstáculos das matérias mais difíceis e como se sair delas)
- Humm... I don’t know. (Pensativa). Esta é uma resposta difícil. Acho que o Iraque, por causa das circunstâncias.
Mais um bom motivo para continuar lendo “101 em Bagdá”.
- Não é necessário saber como se escreve. O senhor poderia me explicar como se pronuncia?
A este primeiro sinal de burricis iminentis, aliou-se uma recente leitura. Estou nas últimas páginas de uma bela lição de jornalismo e competência profissional: “101 dias em Bagdá”, da igualmente bela jornalista norueguesa Asne Seierstad (foto), conhecida também por escrever “O livreiro de Cabul”. Nele, a repórter narra as agruras e os obstáculos de contar a história de iraquianos que, após anos de uma ditadura implacável, se vêem à frente de bombas e estilhaços que irrompem janelas e portas matando família inteiras, ao mesmo tempo em que tentam tocar a vida como se nada estivesse acontecendo. Até mesmo para uma jornalista escandinava vinda de um país frio em que nada parece acontecer - mas que possui um vasto currículo de cobertura de outras guerras - aquele cenário é brutal. Ela chora, pelo menos umas duas vezes até agora.
Paralelo ao produto de seu trabalho, ela descreve os desdobramentos e os obstáculos que precisa superar quase diariamente apenas para poder mandar seus artigos aos jornais para os quais trabalha, os boletins para rádios européias e canadenses, as entradas ao vivo para televisões de um punhado de países... ufa!
Foi neste capítulo que eu fiquei com vergonha.
Mas, além de um exercício didático de retomar a escrita e tentar me tornar um pouco mais multimídia, de fato “101 dias em Bagdá” é uma leitura envolvente e que flui graças à tensão da narrativa e ao seu conteúdo histórico. São histórias de Mohameds e Fátimas que a televisão não mostrou, e nem poderia. Provavelmente também choraríamos.
Em tempo: não sei se compraria esse livro, mas gratamente caiu-me às mãos como cortesia após ter a oportunidade de conhecer pessoalmente a própria Asne. Em uma concorrida coletiva em uma tarde quente de Porto Alegre, tive a oportunidade de fazer a primeira pergunta a ela – uma norueguesa que só conhecia até então pelo nome na capa de “O Livreiro de Cabul”.
- Das coberturas que você vez até hoje, qual foi a mais difícil e por que?
(Como jornalista, sempre fico curioso em saber os obstáculos das matérias mais difíceis e como se sair delas)
- Humm... I don’t know. (Pensativa). Esta é uma resposta difícil. Acho que o Iraque, por causa das circunstâncias.
Mais um bom motivo para continuar lendo “101 em Bagdá”.
1 Comments:
Fala grande!!!!
Nossa!! Tô surpresa com as histórias da tua vida profissional... muito bom!!!
Confesso que dei uma pá de riso. "Não é necessário saber como se escreve. O senhor poderia me explicar como se pronuncia?".
Vindo de ti fica ótimo!
Depois te conto como descobri teu blog.
Parabéns querido amigo!!
Um abração,
Cris
ps: me formei no último dia 09.
By Cris Da Ros, at 9:06 PM
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