:: A Clockwork Blog ::

19.12.06

DEMOCRACIA CHARLES BRONSON

Triste ironia. Escrevi cinco dias atrás sobre a imoral decisão do Congresso em aumentar os próprios salários e sobre a necessidade de ação. Só não esperava tão cedo que alguém incorresse no erro de confundir ação com agressão, protesto com violência, indignação com pura estupidez.

O nome da mulher ao lado é Rita de Cássia Sampaio de Souza, 45 anos. Fazendo valer seu livre-arbítrio como cidadã pagadora de impostos e revoltada com a “classepolitika” (como poderia dizer Elio Gaspari), ela simplesmente pegou uma faca e, no melhor estilo Charles Bronson, foi atrás de vingança com as próprias mãos. Sobrou para o deputado federal pela Bahia ACM Neto, o playmobil (como diria José Simão).

Felizmente ele já está bem, pois a facada desferida nas costas não atingiu nenhum órgão vital. Não caio nem um pouco de amores pela família Magalhães, dona do Estado da Bahia, apenas defendo que ações, digamos, menos incisivas seriam mais eficientes. E mais legítimas.

Os motivos do ataque teriam sido dois. De acordo com o delegado que atendeu a ocorrência, a agressora procurou o deputado para cobrar uma promessa que ele teria feito a ela de liberar seu FGTS junto à Caixa Econômica Federal. Como não teria sido atendida pelo neto do ACM, ela ficou nervosa e resolveu praticar a agressão.

Segundo o delegado, Rita de Cássia também citou o aumento de mais de 90,7% nos salários dos parlamentares, aprovado pelo Congresso na semana passada, como motivo secundário para o ataque.

Facadas não adiantam. ACM Neto – infelizmente – tem legitimidade para continuar vivo e atuando como deputado. O playmobil foi reeleito em outubro para mais um mandato de deputado federal, com 436.966 votos. Uma senhora legitimidade, por sinal, figurando como o mais votado no Estado e com uns bons 130 mil votos à frente do segundo colocado.

Paciência.


Crédito da foto: Romildo de Jesus/AE

18.12.06

PARNASIANISMO


Novo layout do blog: privilégio da forma em detrimento do contéudo.

14.12.06

SALÁRIO MÁXIMO

Defendo uma teoria, meio estranha admito: a democracia funciona.

Democracia, segundo o Aurélio, é “(1) governo do povo, soberania popular; (2) doutrina ou regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição eqüitativa do poder”.

Hoje, o Brasil resolveu escrever mais um capítulo no aperfeiçoamento do sistema e seguiu dando exemplo aos preceitos democráticos. A despeito do modelo político de representação adotado no Brasil ser importado dos eficientíssimos países escandinavos, os nossos representantes resolveram “igualar” um pouco mais os poderes à sua maneira.

À moda miguelão, quero dizer.

Enciumados, deputados e senadores definiram que querem ganhar o mesmo que um ministro do STF, que já recebe uma mixaria. Em um ato de extrema generosidade, os nossos políticos estão deixando de herança para os recém-eleitos um reajuste de 90,7% nos vencimentos. Baita salário, pois dos R$ 12.847,20 atuais, os políticos passarão a ganhar R$ 24,5 mil.

Penso que dificilmente será recusado o agrado, pois não caberia tamanho gesto de deselegância.

Assim, fica extremamente difícil de não achar que tudo isso não é culpa apenas de vossas senhorias. E não que não o seja de fato. Mas como um bom sonhador, (“sou brasileiro e não desisto nunca”, diria um BBB), acredito que emana do povo um poder que, no caso brasileiro, ainda não está sendo bem aproveitado. Muito sonham com a revolução, com o pegar em armas, enfim, têm sonhos mais ao estilo Rambo do que eu. Eu insisto em acreditar que “democracia” tem a ver com governar de baixo para cima.

No entanto, como está arraigado na nossa cultura um instinto patrimonialista bem antigo, é mais fácil culpar os de cima pelo que acontece embaixo, e não o contrário. Tal conveniência foi, é e continuará sendo explorada pelos oportunistas enquanto o mundo for mundo e não nos darmos conta de que isso só será solucionado a partir da soma de pequenos esforços de cada um. Mas nada desses papos de “conscientização” (aliás, tem palavra mais vulgarizada? Pretendo escrever algo sobre isso em breve). Todos sabemos do poder individual: a maioria apenas não se sente recompensada e por isso cruza os braços. Está na hora da ação. Mas guarde a foice, o martelo e o coquetel Molotov. Apenas veja a lista dos que aprovaram a obscenidade e procure não repetir o erro daqui a quatro anos.

Tião Viana (PT-AC)

Renan Calheiros (PMDB-AL)
Givaldo Carimbão (PSB-AL)
Benedito de Lira (PL-AL)

Coubert Martins (PPS-BA)
José Carlos Aleluia (PFL-BA)

Bismarck Maia (PSDB-CE)
Inácio Arruda (PCdoB-CE)

Carlos Willian (PTC-MG)
Mário Heringer (PDT-MG)

Demóstenes Torres (PFL-GO)
Sandro Mabel (PL-GO)

Efraim Moraes (PFL-PB)
Wilson Santiago (PMDB-PB)
Ney Suassuna (PMDB-PB)

José Múcio (PTB-PE)
Inocêncio Oliveira (PL-PE)

Ciro Nogueira (PP-PI)

Miro Teixeira (PDT-RJ)
Rodrigo Maia (PFL-RJ)

Sandra Rosado (PSB-RN)

Luciano Castro (PL-RR)
Ideli Salvatti (PT-SC)

Jorge Alberto (PMDB-SE)

Aldo Rebelo (PCdoB-SP)
Arlindo Chinaglia (PT-SP)

7.12.06

UMA BOA NOTÍCIA

Uma notícia que me deixou muitíssimo contente.

“Com a reportagem ‘Retrato do Abandono’, a estudante do curso de Jornalismo da Fabico, Daiana Vivan, recebeu a menção honrosa na categoria acadêmica do 23º Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo, promovido pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos e OAB-RS. O prêmio foi criado em 1984 com o propósito de estimular o trabalho dos profissionais do jornalismo na denúncia das violações e na vigilância ao respeito aos Direitos Humanos.”

A notícia do site da Ufrgs me deixa particularmente feliz porque Daiana é minha colega e atesto a sua competência. Mas não apenas por isso. A menção honrosa é o reconhecimento a um semestre de árduo trabalho dos alunos da disciplina de Redação Jornalística II da Ufrgs que aproveitaram a rara oportunidade para realizar boas reportagens.

Puxando a brasa para a minha sardinha, indiretamente me sinto agraciado também porque uma das matérias publicadas na disciplina é de autoria de meu grupo, intitulada “Vila Timbaúva, um lugar que pede soluções”.

“Formada por cinco núcleos que ganharam nomes a medida em que foram sendo povoados, a Vila Timbaúva é um universo de pouco mais de dez anos onde moram cerca de sete mil pessoas. São eles: as vilas Timbaúva 1, 2, 3 e 4 e o Recanto do Sabiá. Essa separação não é precisa, uma vez que o número de famílias que vêm de outros pontos da cidade e do próprio Estado não pára, dando origem a novos núcleos. Além disso, o local é próximo a outras comunidades carentes de Porto Alegre, como os loteamentos Wenceslau Fontoura e Porto Novo. Para a prefeitura, todo esse espaço é apenas uma parte do bairro Mario Quintana, com uma população de 21.848 moradores e uma das menores médias de renda por chefe de família: pouco mais de dois salários mínimos...”


Para conferir as reportagens, clique abaixo e depois em “cidade e cidadania”.

www6.ufrgs.br/ensinodareportagem

4.12.06

FINAL DE SEMESTRE


Ana Taís, Rubens, Kleber ("com K e sem acento"), Helena, Cida, Porcello, Rosa Nívea, Vera e Karla. Eis os motivos pelos quais minhas visitas rarearam. Mas falta pouco agora, gente amiga, pouquinho...

Enquanto isso, um pouco de cultura inútil: sobre a moça na foto
clique aqui.